[RESENHA] Mentiras Que Confortam - Randy Susan Meyers / Editora Novo Conceito
Sinopse: Cinco anos atrás... Tia apaixonou-se obsessivamente por um homem por quem nunca deveria ter se apaixonado. Quando engravidou, Nathan desapareceu, e ela entregou seu bebê para a adoção. Caroline adotou um bebê para agradar o marido. Agora ela questiona se está preparada para o papel de esposa e mãe. Juliette considerava sua vida perfeita: tinha um casamento sólido, dois lindos filhos e um negócio próspero. E então ela descobre o caso de Nathan. Ele prometeu que nunca a trairia novamente, e ela confiou nele.
Hoje... Tia ainda não superou o fim do seu caso com Nathan. Todos os anos ela recebe fotos de sua garotinha, e desta vez, em um impulso, decide enviar algumas delas para a casa do ex-amante. É Juliette quem abre o envelope. Ela nunca soube da existência da criança, e agora precisa desesperadamente descobrir quantas outras mentiras sustentaram o seu casamento até hoje.
SURPREENDENTE, AINDA QUE DOLOROSO
Mentiras que
Confortam, não é um livro sobre finais felizes, príncipes encantados, homens e
mulheres perfeitos. Não é um livro que
te fará dar razão a um personagem, ou torcer pela felicidade de alguém especifico.
Aqui, todos são culpados e de alguma forma precisam encontrar o meio termo
entre lidar com a culpa e seguir em frente.
Quando recebi o livro
e li a sinopse, acabei não dando muito
valor a obra e comecei a ler sem grandes expectativas ou vontade mesmo. Entretanto
bastou um capítulo e eu estava viciada, li até o capítulo três e já estava com
o coração acelerado e a autora me conquistado completamente. O livro foi uma
grande e maravilhosa surpresa.
O livro aborta temas polêmicos
como: Traição, relacionamentos, relações familiares e MENTIRAS, mentiras estas
que aparentemente confortam.
O ser humano esta
destinado a falhar, a cometer erros durante toda sua vida, a serem imperfeitos.
É da nossa natureza e infelizmente isso nunca vai mudar. O livro trás a tona os
danos causados por um erro, TRAIÇÃO e as consequências deste erro para três
famílias.
Perturbada, foi assim
que me senti lendo o livro, mas não apenas pelo tema em si, mas porque o livro
me fez refletir e sair da minha zona de conforto.
O livro conta a
história de três famílias. Famílias estas unidas por um erro. Contada pelos
olhos de três mulheres completamente diferentes, com um único ponto em comum, a
força.
Tia
a jovem sonhadora e romântica, a menina que se deixa levar pela fantasia do
amor e acaba se envolvendo com um homem mais velho, experiente, bonito e inteligente,
mas casado. Em nome do amor ela se submete em ser a outra por um ano, e então
descobre que está grávida!
Juliette
a
esposa perfeita, a filha perfeita, a mãe amorosa, uma profissional exemplo, uma
mulher forte. Casada com Nathan eles possuem uma relação invejável, regada a
muito amor, mãe de dois filhos e preste a ter sua família abalada, após
descobrir o caso do marido.
Caroline
a profissional independente, muito bem casada e feliz, uma mulher que vive para
seu trabalho e que está mais do que satisfeita com a sua vida. Até que o marido
decide que é hora de terem filhos, aumentar a família e então, adoram.
E é ai que a vida
destas três mulheres se entrelaçam, Caroline adota Savannah, filha de Tia com Nathan, marido de Juliette.
Como mencionei no
inicio, nesta história não há apenas um culpado, alguém a quem possamos
despejar toda a raiva e frustração, de alguma forma, todos tiveram sua parcela
para que fosse criado esse emaranhado e teias de mentiras.
Tia foi à personagem
por quem mais senti empatia ao longo do livro, de cara a julguei, afinal de
contas, ela havia se envolvido com um homem sabendo que ele era casado, e ainda
deu a filha para adoção. Só que ao longo da história vamos a conhecendo, Tia
levou uma baita rasteira, ela realmente amava Nathan, quando ela descobre que
está grávida ele a abandona e ainda manda que ela tire o bebê. Tia fica
desesperada, ela não consegue lidar com o fato de ter uma filha que a fará lembrar-se
do pai a cada olhar, ela não tem nada, não possui emprego, dinheiro, sua mãe
morre, ela perdeu seu amor e ainda perde a filha. Uma decisão que se viu
obrigada a tomar, pensando estar fazendo o melhor para a bebê. Foi então que
minha revolta inicial pelo abandono da filha foi substituída por uma
compreensão. Tia não conseguia enxergar além de toda a mágoa e abandono, ela se
viu sozinha, Tia era vazia.
“Ser feliz à custa de alguém podia ter um preço alto. Tia imaginava ser julgada desde que Nathan e ela se beijaram pela primeira vez. Sempre esperava ser punida por estar apaixonada e, na verdade, acreditava que, quaisquer que fossem as consequências, ela as merecia...”
Juliette nunca
esperou que o marido a traísse, ela o havia colocado em um pedestal, sua vida
era aparentemente perfeita, seu marido imaculado demais para cometer um deslize
deste. Mas quando Nathan chega até ela e confessa sua traição ela perde o chão,
mas ainda assim o perdoa. Quando tudo parece perfeito, quando as feridas
aparentam estar cicatrizadas, Juliette vê seu mundo voltar a desabar, cinco
anos após a descoberta da traição, ela descobre que o erro do marido teve um
fruto, uma menininha chamada Savannah, que agora possui cinco anos de idade. Os
fantasmas estão de volta, a dor, a decepção e mágoa também, ela precisa lidar
com o fato de que o marido tem outra filha e que ele nunca contou isso a ela,
ou seja, mais mentiras, agora Juliette precisa tomar uma decisão, sua família feliz
não existe mais. De todas as personagens Juliette foi a que mais me emocionou,
por sua narrativa tocante e sensível, por toda a dor que esta mulher suportou.
“Quantas vezes na vida tentamos enganar a nós mesmos?”
Caroline caiu de
paraquedas na função de mãe, seu marido queria um filho, ela não, mas ainda
assim eles adotam uma menininha. Caroline não sabe ser mãe, ela é focada
demais, séria demais, uma mulher independente, eu diria até que fria, mas ao
longo do caminho você vai descobrindo que ela ama Savannah de verdade, ela só
não sabe como lidar com a criança, como desempenhar o papel de mãe, como
conseguir conciliar sua vida nova sem ter que abrir mãe de quem ela é. Ela foi à
personagem que demorei mais a compreender, com quem menos senti qualquer
reação, mas ao final do livro eu a entendi. Caroline ama a seu modo, do seu
jeito, mas ainda assim ama.
“Pensou que, se não falasse nada, silenciaria a dor do coração.”
Nathan tinha tudo
para ser o safado, o sem-vergonha, o cretino da história, mas até ele em algum
momento me conquistou. Ele é um homem que cometeu um erro, que tomou decisões
erradas, e com isso magoou não apenas uma pessoa, mas todos. Ele se arrependeu
de ter traído Juliette, se arrependeu da forma como tratou Tia, mas a questão é
que arrependimento nem sempre é suficiente não é?
A mentira é como um
círculo vicioso, ela nunca está sozinha, você sempre vai precisar de uma nova
mentira para ser capaz de encobrir a anterior, por isso nunca é apenas uma mentira
e sim uma bola de neve. A verdade é que, a mentira nunca conforta, ela apenas
te dá uma falsa ilusão de paz, um relaxamento momentâneo de que o problema foi
solucionado, mas ela sempre voltará para te atormentar. A mentira sempre será
descoberta, pode se passar horas, meses ou até anos, mas em algum momento a
verdade vem à tona, e você precisará lidar com as consequências.
A trama é muito bem construída,
inteligente e explorada, os personagens são cativantes, a leitura é viciante e
fluida eu realmente não esperava que o enredo se desenrolasse do modo como
aconteceu, por isso me surpreendeu e o final me deixou satisfeita.
Eu gosto muito de
histórias que se assemelham a realidade. Enredos que não possuem medo de serem
ousados e desafiadores, por isso Mentiram
que Confortam me ganhou. Nunca havia lido nada da autora Randy Susan Meyers, e já posso dizer
com certeza que passei a ser uma admiradora do seu trabalho, ela soube criar
uma trama muito bem elaborada, fluida e envolvente, tratando de temas
complicados e relacionados à relações familiares com sabedoria e sensibilidade.
Espero que possam ter
a oportunidade de ler este livro e que assim como eu sejam tocados e obrigados
a refletir.
Até a próxima! Bye.
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