[RESENHA] Vick - Anne Amorin / Planeta Literário
Vick - Anne Amorin
Sinopse: Eu me chamo Vick. Não sei quem eu sou. Não conheço o meu passado, meu presente é horrível, e meu futuro é incerto. Vick não se lembra de como foi parar na casa de Ivan. Seu passado, quem ela é ou qual é a sua família são incógnitas. A única coisa que tem certeza é de que seu presente é insuportável demais. Ela odeia o toque de Ivan e as coisas que é obrigada a fazer para continuar vivendo. A sua única solução é fugir. Mas, para aonde? Vick não tem dinheiro e não conhece ninguém que possa lhe ajudar. Mas qualquer coisa é melhor do que continuar no único lugar que ela conhece. Ela irá atrás de uma vida melhor e quem sabe encontrar o seu passado para tentar ter um futuro. Será possível escapar de Ivan? Conheça a história da Vick. Uma menina sem passado, com um presente cheio de monstros e um futuro incerto.P.S. Livro recebido de cortesia pela editora parceira.
Inquietante, perturbador, denso e doloroso. Vick não é um livro fácil de se ler, se você tem intolerância a cenas de violência e abuso – principalmente com criança -, talvez deva se manter longe, aqui nada vem camuflado é tudo cru, descrito com riqueza de detalhes te fazendo sentir na própria pele.
Vick foi sequestrada em
frente à sua casa quando tinha apenas três anos de idade. Ela cresceu longe do
amor, longe de sua família, em condições deploráveis e monstruosas e apesar de
ter sido tratada como uma criança "normal" até seus dez anos, após esse período nada
pode ser descrito como humano. Seus atroz são pai e filho, dois homens que só
posso descrever como doentes, débeis, sem nenhuma ranhura de amor, humanidade
ou bondade em seus corações. Eles não pouparam tortura, maus-tratos quando o
assunto era atormentar a vida dessa jovem. E foi doloroso acompanhar cada
capítulo.
Essa jovem conforme os
anos vão passando, não cai no conformismo, não se vê abatida, muito pelo
contrário, ela alimenta a esperança de um dia poder fugir e recomeçar sua vida,
construir algo sólido, ter uma verdadeira família, ter esperanças de um futuro
melhor, tem sonhos de poder viver. E quando a oportunidade surge, apesar de
suas inúmeras tentativas frustradas, ela enfim consegue. E quando isso
acontece... é lindo.
“Infelizmente eu cresci e aquelas ameaças se concretizaram. E com elas, eu aprendi da pior maneira que todas as pessoas possuíam um lado obscuro.”
Me fascinou a maneira
como a autora descreveu sua fuga, o primeiro contato dela com o mundo exterior,
desvendando suas cores, sabores e formas. Ela é como uma criança aprendendo dar
seu primeiro passo, como um passarinho que está sendo jogado do ninho para seu
primeiro voo.
Ao longo do caminho
Vick encontrará pessoas que a acolherão e a ajudarão nessa nova caminhada,
assim como encontrará aqueles que preferem derrubar a estender uma mão e
ajudar. Nada na vida dessa menina será fácil ou simples e Vick terá que
continuar lutando para se manter firme em seus projetos e propósitos.
Em alguns momentos a
escrita, ou melhor, algumas situações soam infantis, mas se pararmos para
analisar faz sentido, a personagem precisa dessa abordagem. Vick teve sua
infância roubada, ela não teve contato com o mundo, ou com outras pessoas, então
essa ingenuidade, e momentos infantis condizem com o que ela passou.
“— Ainda prefiro mais “dog hot”. — respondi, e o Will começou a gargalhar.— É hot dog, Vick. — Hugo disse, rindo.”
O que me incomodou na
obra foi que o romance aconteceu muito rápido levando em consideração tudo o
que a personagem passou, todos os tipos de violência física e emocional, senti
que faltou trabalhar esse lado da cura, da confiança, da reintegração da
personagem com a sociedade de modo geral, já que ela esteve trancafiada desde
os três anos de idade. Assim como acho, que ocorreu um exagero nas cenas
eróticos, em minha opinião o contexto da história em si não pedia essas cenas. Deixando
a leitura fria e incomoda. Em alguns momentos senti que faltou a emoção
necessária, que teve aspectos que poderiam ter sido melhores explorados.
Mas vale ressaltar que
os apontamentos aqui realizados em nada amenizam o valor que a obra tem em
chamar a atenção para o que infelizmente pode acontecer com qualquer pessoa. Para
o que muitas vezes preferimos tapar os olhos e nos fazer de cegos diante de
situações cruéis e lamentáveis como essa. Sequestro, abuso, violência, violação,
tortura e em muitos casos a morte. Por isso recomendo que SIM, leiam.
De modo geral a obra
foca em recomeços, superação, segundas chances, laços familiares e a força de
seguir em frente mesmo diante de tantos traumas. O final do livro foi
surpreendente, por tudo que a personagem passou e isso foi um ponto positivo.
"- Eu tenho fantasmas Will, tenho medo, inseguranças,mas não quero que elas atrapalhem nós dois. Não sei o que estou sentindo,porque é muito diferente, só sei que não quero te perder."
Preciso deixar meus
parabéns para a autora pela coragem de abordar tal tema. E parabéns pela
maneira como ela conseguiu deixar a leitura rápida e fluida, porque mesmo me
sentindo incomodada em muitas situações, o livro se tornou um vício e eu não
consegui largar enquanto não cheguei ao fim.
Parabéns a editora pelo
trabalho lindo e simples realizado com a obra, mas deixarei aqui minha
ressalva, em nenhum momento consegui associar a capa com a história, não que ela
esteja feia, porque não está, apenas acho que faltou algo.
Até a próxima! Bye.

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