RESENHA: O Livro e a Espada - Antoine Rouaud | Editora Arqueiro
INCRÍVEL!, não
preciso dizer mais nada, apenas leiam.
Brincadeira, minha resenha não
será apenas essa frase. O LIVRO E A
ESPADA, me surpreendeu de diversas maneiras e tenho certeza que terei
dificuldades em alinhar meus pensamentos e compor esta resenha como de fato o
livro merece, mas irei dar o meu melhor.
Crises políticas, ambição,
inveja, vingança, fé, poder, traição. Uma revolta que ameaça derrubar o Império
e instaurar uma nova República. Um verdadeiro duelo entre a emoção e a razão,
honra e dever, lealdade e sede de vingança. Um jogo onde não se sabe quem são os
aliados ou inimigos disfarçados. Um livro que contém o destino da humanidade e
uma espada mágica, tão poderosa como nenhuma outra jamais será. Um grito pela
liberdade, a necessidade de justiça e o rondar de uma ameaça sombria. Tudo isso
reunido em um enredo de tirar o fôlego, arrepiante, por diversas vezes
angustiante e emocionante.
“Nunca, vou ser um simples murmúrio... Para você, eu serei um grito.”
Dun-Cadal
Daermon já viveu seus dias de glória. Aquele homem que hoje é
encontrado ao fundo de uma taberna alcoolizado, cabisbaixo e amargurado em nada
lembra o grande General e Cavaleiro que um dia já foi. Amado por poucos, odiado
por muitos, tem certeza que alcançou o seu fim e está apenas aguardando o
findar dos dias, ou pelo menos assim pensava, até que uma bela jovem, com o
olhar atrevido e muito determinada o desafia a reviver suas lembranças e
encarar tudo que vêm lutando para esconder. E é assim que nos deparamos com um
homem honrado, fiel ao juramento que um dia fez, leal ao Império que serve. Dono
de uma personalidade forte, muita coragem e compaixão, um homem que não abaixa
a cabeça, que batalha pelo que acredita, que segue sua fé e que não luta apenas
com uma espada, mas com seu coração também. Que inesperadamente se viu entre a
vida e a morte, sendo cuidado por um jovem misterioso a quem amigavelmente
chamou de Rã, que se tornou seu pupilo, protegido, a quem ensinou tudo que
sabia e com quem inconscientemente aprendeu muito. Mestre e aprendiz, duas
figuras que juntas crescem, ganham fama, despertam medo, animosidade e ciúme.
“— É... O Senhor veio para cá esperar a morte. Só não percebeu que já está morto. Por mais que tente esconder a identidade para não macular sua antiga imagem, não adianta. Quando o mundo souber no que se transformou Dun-Cadal Daermon... a única lágrima derramada não vai ser de tristeza, mas de pena.”
Enquanto que Dun-Cadal logo de cara te cativa e se
torna marcante ao ponto de sentirmos na pele suas alegrias e tristezas, Rã por uma longa parte da leitura se
revela conflituoso, controverso e complicado, entretanto ele é o responsável
pelos maiores acontecimentos e mais importantes na trama. É um personagem com
uma bagagem gigante, com muito para contar, revelar e impor. Notável,
determinado e muito forte. Seria ele justo ou egoísta, servindo as suas
próprias vontades? Terá maturidade o suficiente para lidar com todo o peso que
carrega sobre os ombros? A sabedoria e a decisão certa costumam cobrar um preço
bem caro.
“(...) — Não há nenhuma honra em matar, menino. Nenhuma. Pouco importa como você dá o golpe. Não há glória nenhuma em tirar uma vida.”
Uau... Que livro, que enredo,
que narrativa, que surpresa maravilhosa. O
LIVRO E A ESPADA é uma leitura intensa, que mexe com nossas emoções, cheio
de reviravoltas e acontecimentos de roubar o fôlego. Gostaria de poder GRITAR aqui, de sair detalhando cada
acontecimento e como me senti ao ler, mas preciso ter cuidado com os spoilers. A narrativa do autor é
impecável, ela cresce a cada capítulo, vai cativando, atiçando nossa
curiosidade aos pouquinhos. Ele tece sua teia e nos enreda sem que nos demos
conta, tudo é meticuloso, minimamente pensado e calculado, mesclando passado e
presente de uma maneira muito sutil, muitas vezes sentia como se a recordação/memória
estivesse me chamando, como se eu tivesse vivido aqui e foi uma experiência surreal.
“Toda ferida acaba se fechando. Ficam as cicatrizes para nos lembrar de sua existência. E, embora a dor se torne menos intensa, nunca deixa de ser profunda.”
Outro ponto que amei na trama é
que o autor brinca com os leitores, mudando a cada capítulo o caminho de seus
personagens, deixando apenas a incerteza e o medo do que poderia vir a
acontecer. E ele foi mais além, ao trazer a promessa de um romance... vou
deixar nas entrelinhas, foi algo realmente importante na história, mas que não
tirou o foco da guerra que estava acontecendo. Os personagens foram muito bem construídos,
a carga emocional que carregavam, o apelo de cada um diante da história
contada, os sentimentos, tudo é muito vivo, cru, visceral. E os cenários...
incrível, consegui visualizar cada um.
“Quanto mais tinha a sensação de estar voltando à vida, mais a vida lhe era insuportável.”
O
LIVRO E A ESPADA apesar de ter sido criado em um mundo fictício,
é repleto de referencias realista, e isso me passou a impressão de critica/apelo/reflexão
sobre a sociedade e a busca incansável pelo poder, pela necessidade de se ter
em mãos o destino de uma nação, o controle do futuro. Sobre se corromper,
colocar o poder acima de seus valores e ideias, não respeitar seu juramente,
sua própria honra, se vender. Sobre a fé, crenças diferentes, mas que acabam
servindo ao mesmo propósito. Não sei se estou me fazendo entender... É que
terminamos a leitura, mas continuamos pensando e comparando ela com o hoje. É de
fato uma história muito marcante, talvez eu até tenha derramado algumas
lágrimas... talvez.
Confesso que no início da
leitura fiquei meio perdida, com dificuldade em me localizar dentro da trama e
até compreender o que de fato estava acontecendo, mas com o passar das páginas
isso mudou completamente. E à medida que me envolvia com os personagens, que
compreendia o seu valor dentro do contexto da história, fiquei viciada e
ansiando ler mais e mais. E o final... Ele só nos deixa loucos, desejando conhecer
o futuro daqueles personagens e como tudo será dali pra frente.
Enfim, leiam a obra. Deem uma
chance para o gênero – fantasia -, se permita conhecer esse mundo e seus mistérios,
o lado bonito, mas principalmente o lado negro do ser humano. Dosado na medida
perfeita, você irá viver uma experiência completa, com emoções mil e que irá te
tirar da zona de conforto.
P.S. - Preciso deste livro na
minha estante ( Li em e-book cedido pela Editora Arqueiro).
P.S.2 – Ele é o primeiro de uma
série, mas podem ficar tranquilos, apesar de terminar ansiando pela sequencia,
o final é satisfatório.
O LIVRO E A ESPADA - Antoine Rouaud
* Leia um trecho da obra: AQUI
Sinopse: O general Dun-Cadal foi um dos maiores heróis do Império, mas hoje não passa de uma sombra do que foi, embriagando-se no fundo de uma taberna. Traído pelos companheiros e amargurado pelo desaparecimento de seu jovem aprendiz, Dun-Cadal não quer mais saber de política, batalhas, pessoas. É justamente ali, na taberna escura, que a jovem historiadora Viola vai encontrá-lo. Ela procura a Espada do Imperador, uma relíquia desaparecida no caos da revolução que derrubou a monarquia, teoricamente escondida por Dun-Cadal. Viola também espera descobrir quem é o assassino sem rosto que começou a agir na cidade, matando os antigos companheiros do general, que viraram as costas aos seus ideais para aderir à nova República. Graças à moça, o velho guerreiro vai vasculhar as lembranças de uma vida de glória e seus mais terríveis arrependimentos. À medida que ele conta sua história, os fantasmas do passado vêm à tona, reacendendo antigos rancores e a sede de vingança de um homem que se entregou ao caminho da fúria.
Ficha
técnica:
Fantasia
| Editora Arqueiro | 2018 | 1° Edição | 400 Páginas | Cortesia | Classificação:
5/5 | SKOOB
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Até a próxima! Bye
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