Ofélia – Lisa Klein | Verus Editora
* Resenha postada originalmente no blog Estante Diagonal, no qual sou resenhista.
Melancólico,
nostálgico, sensível e cru. Mais que uma releitura, OFÉLIA, é um novo olhar, ou melhor, uma nova história que nasce com
Ofélia, uma jovem simples, órfã de mãe, sonhadora, inteligente e muito sagaz,
que a todo instante questiona o papel da mulher na sociedade e como ela é
tratada. Ofélia não chegou a conhecer a mãe que faleceu durante seu parto, já
seu pai um homem ambicioso e obcecado com a ideia de fazer parte da corte de Elsinor sempre a ignorou completamente,
por vezes, apenas a enxergando como um objeto em seu jogo de interesse e
tramoias, portanto temos aqui uma jovem que desconhece o sentido de família, de
fato se tornando uma jovem carente de afeto e atenção. Por essa razão, quando
de fato tem a oportunidade de entrar na corte e se tornar a dama de companhia
da rainha, ela abraça a chance com todas as suas forças, sempre observadora e
atenta a tudo, buscando ali um pouco do que sempre lhe faltou.
"Eu acreditava que o rei Hamlet e a rainha Gertrudes se amavam e eram sinceros. Também acreditava que os ministros do rei eram leais e as damas da rainha, honestas. Mas, com o tempo, percebi que a corte de Elsinor era um belo jardim onde serpentes se escondiam pela grama. Muitos que pareciam sinceros eram falsos. A febre da ambição levava tanto homens quanto mulheres a conseguir melhorar suas posições, mesmo que por traição ou mentira. Eles rapidamente subiam na Roda da Fortuna, e com a mesma velocidade eram arruinados".
Entretanto,
a corte de Elsinor não é exatamente o que parece, o lugar é cheio de intrigas,
mentiras, traições, vingança e maquinações. As pessoas não se respeitam como
fingem, não se amam como parece e tudo é um grande jogo de caça as cabeças. E morar
ali, que antes parecia algo mágico, logo se revela perigoso e assustador,
principalmente para uma jovem que veio do campo, sem recursos e que comete a
loucura de se apaixonar por um príncipe, que é tão louco quanto para retribuir.
Porém, como poderia Hamlet, resistir a uma jovem tão cheia de vida e diferente
das demais que um dia conheceu? Espirituosa, de língua afiada e com uma mente
brilhante, Ofélia é tudo que Hamlet um dia sonhou, ela foge aos “padrões”, e
não tem medo de se arriscar em nome do amor. Mas, a Dinamarca está cada vez
mais em crise, ameaçando a tudo e todos, principalmente a felicidade do jovem
casal.
Ofélia é uma personagem
que grita, que quer fazer valer a sua voz, mas que constantemente é calada pela
sociedade patriarcal e machista que a cerca, e mesmo assim ela segue lutando, se
agarrando a qualquer fio de esperança. Sua lealdade e amor são brutais e em
determinados momentos questionamos se a loucura é de Hamlet ou dela. E é muito triste
ver a garotinha sonhadora, se transformar na jovem determinada e por fim, em
uma mulher desesperada. Já Hamlet... é uma figura marcante, porém vive duas faces,
que contada através dos olhos de Ofélia nos deixa agoniados e por vezes revoltados,
pois somos apresentados a um jovem forte, destemido, determinado e apaixonado,
ao mesmo tempo em que nos deparamos com sua loucura e desiquilíbrio que passam
a afetar a desestabilizar todas as forças da nossa protagonista. É assustador.
“Queria ter sido autora da minha própria história, não apenas uma atriz na peça de Hamlet ou um peão no jogo mortal de Cláudio.”
Ofélia é uma
releitura do Clássico Hamlet de Shakespeare, e a autora soube apresentar
uma “nova” história, dentro da original, que é cativante. Ainda que pra mim
ambas sejam distintas, elas possuem similaridades, algumas licenças poéticas e
um final que achei bacana com algumas ressalvas – que não posso explicar
totalmente aqui, por motivo de spoiler. Talvez seja o carinho que tenho pelo
clássico, ou apenas a minha vontade de que tudo fosse diferente – por favor,
menos dor e tragédias, vamos realmente dar um novo olhar para a trama -, e
senti que faltou... Não sei se estou sabendo me expressar. Eu gostei da
leitura, acho que é super válida para quem não conhece o clássico e quer
começar a se aventurar, porém fiquei com um gostinho de quero mais, eu entendo
que Hamlet ficou em segundo plano e se tornou coadjuvante em sua própria
história e que a autora quis abordar a força da mulher e sua coragem, mas meu
amor pelo original acabou falando mais alto. Mas, uma coisa é certa, Ofélia não
passou despercebida no original e nessa história que é dedicada a ela, se impôs,
gritou tanto quanto seus pulmões puderam e usou da sua inteligência para
escrever um final diferente, ainda que, de certa maneira não menos trágico que
o primeiro.
Sinopse: Ele é Hamlet, o príncipe da Dinamarca; ela é simplesmente Ofélia. E, se você pensa que conhece a história dos dois, pense melhor. Uma releitura da famosa tragédia de Shakespeare. Nesta releitura da inesquecível obra de Shakespeare, é Ofélia quem ocupa o centro da trama. Uma menina barulhenta e sem mãe, ela cresce no castelo de Elsinor e se torna a dama de honra mais confiável da rainha. Sedenta por conhecimento e espirituosa, além de linda, Ofélia aprende os caminhos do poder em uma corte onde nada é o que parece. Seu jeito chama a atenção do cativante príncipe Hamlet, e o amor entre os dois floresce em segredo. Mas maquinações sangrentas logo transformam a Dinamarca em um lugar de traição e loucura, e a felicidade de Ofélia é ameaçada ― ela se vê obrigada a escolher entre o amor de Hamlet e sua própria vida. Em desespero, Ofélia traça um plano arriscado para escapar de Elsinor para sempre... com um segredo muito perigoso. Em uma narrativa dramática e intensa de morte e intrigas, amor e perdas, Ofélia conta sua própria história extraordinária ― uma que você nunca ouviu, e que jamais vai esquecer.
Ficha técnica:
Romance
de época, drama | Verus Editora | 1º Edição | 2019 | 265 Páginas | Cortesia
blog parceiro | Classificação: 3/5 | Onde encontrar: SKOOB - AMAZON
Até
a próxima! Bye.
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